Flavio Cruz

Um dia infinito, um dia sem fim

Eu queria, sim, que este dia não tivesse mais fim. Que ele, com as coisas boas e as más, que todos dias têm, ficasse, assim, parado, imóvel, no tempo. Daí, pouco a pouco, eu iria, sem pressa, consertando tudo. Tudo colocando no lugar. Em primeiro lugar, o coração. Separar, e ao mesmo tempo juntar, amor e amizade. Que a amizade é o amor sem sexo e é bom que seja assim. Que, por outro lado, a amada tenha tudo, o carinho e o amor também. Queria também dizer para as pessoas admiráveis, que eu as admiro demais e é por isso que as chamo assim. Diria para os heróis, quão importantes eles são, para mim e para todos nós. Nesse dia, nesse que não vai mais ter fim, eu tentaria aprender tudo que precisava ter aprendido e não aprendi: tanta coisa, meu Deus! Como é um dia infinito, vou usar para entender a ciência dos homens e a de Deus. Simplificar a divina sabedoria, para que possa aprendê-la, desmistificá-la. A sabedoria dos homens, dela eu tiraria a arrogância, para ver o que ela tem que me possa ajudar. Nesse imortal e ilimitado dia, vou começar, devagar, a entender o mistério do Universo. Por que tão imenso, se tão pequenos somos? Só para ficarmos, bestas, à noite, olhando para cima e assim ter certeza que nada somos?
Nessas tresloucadas 24 horas vou me embebedar. Do azul do céu, da escuridão da noite, do brilho da luz. Vou procurar respostas para o que não tem resposta. Vou fazer perguntas impossíveis para, quem sabe, o destino se cansar do meu indagar e me responder. Vou perguntar, por exemplo, por que nos fizeram tão limitados, se tão ilimitado é tudo mais?
Alguém talvez possa me perguntar se, em determinado ponto, não vou me cansar. Daí vou responder, claro que não. É apenas um dia, embora seja um dia que nunca mais vai terminar. Além disso quem pode se cansar de amar? Pois é isso que vou estar fazendo. Além de amar minha amada, vou estar amando este Universo sem fim. Além disso, de amar um amor forte, intenso, vou estar procurando. Pois é isso que todo ser faz: nasce perguntando, assim continua e assim vai morrer. Isso é o que somos. Perguntadores, aventureiros, navegantes insaciáveis, explorando o sentido da vida.
Desconfio, porém, que o Infinito, por infinito ser, nunca vai responder. Se respondesse, não seria mais o que ele é. Seria uma resposta e nada mais. E, então, a magia do meu interminável dia, iria ter um fim. Junto, iria morrer o amor meu pela minha amada e dela por mim. E, sem amor, não se consegue viver. Nem por um só instante, nem por algumas horas... Imagine, então por um dia inteiro e, ainda mais, se esse for o dia infinito, sem fim, que eu criei só para mim...

Todos los derechos pertenecen a su autor. Ha sido publicado en e-Stories.org a solicitud de Flavio Cruz.
Publicado en e-Stories.org el 27.03.2015.

 
 

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