Flavio Cruz

A maçã que não era da Apple (nem da Microsoft...)

Pela calçada da avenida vinha um homem, absorto em seus pensamentos. Do lado contrário, solta em seus sonhos, vinha uma mulher. Por distração, ambos se tocaram. A bolsa caiu, a pasta caiu. Abaixaram-se para pegar as coisas e novamente seus braços se tocaram. Não se sabe por quê, os elétrons dos átomos das moléculas das células dos dois tiveram uma estranha simbiose que não estava prevista nos cálculos teóricos de nossos físicos. E, de repente, os dois se viram trasladados para uma outra superfície. E lá não havia nada. Nem avenida, nem chão, nem cidade, nem país, nem mundo. Um enorme vazio de éter. Nem roupas eles tinham.

Não se sabe se foi por não terem nada o que fazer, ou se por terem seus corpos nus e expostos, eles se amaram. Nem sabiam, mas imediatamente um outro ser foi concebido. É sempre assim, acontece na primeira. Eles estavam em outra dimensão.

E, então, o Criador viu-se numa singular situação. Precisava fazer um mundo inteiro e novo para eles. Os paralelos já existentes não serviam para tal. E precisava se apressar, pois o menino, em nove meses ia nascer. Como nascer assim, num vácuo quântico? Onde o bebê iria brincar? Embora não precisasse, Ele pensou. Pensou e resolveu. Criou um Jardim do Éden, sem serpente, sem pecado, sem maçã. Outras frutas havia, quanticamente perfeitas. E parou por aí. Só o jardim, só o Éden. Chega de confusão, de gente malvada, proliferando neste nefasto mundo de nós.

Dizem que eles lá estão, ainda, numa perfeita harmonia de léptons e quarks, nêutrons e prótons, férmions efêmeros, subparticularmente alinhados. Não dá para conferir. Se pudéssemos, criaríamos um paradoxo extradimensional. Ninguém quer isso. Além do mais, acho que foi exatamente isso que aconteceu conosco. A maçã da Eva nada mais foi do que um desequilíbrio dos campos quânticos. Alguns dizem que foi um pecado. Não foi não. Naquela época a gente nem sabia pecar...

Todos los derechos pertenecen a su autor. Ha sido publicado en e-Stories.org a solicitud de Flavio Cruz.
Publicado en e-Stories.org el 26.11.2015.

 
 

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