Flavio Cruz

Lindinha, onde foi que você se meteu?

Ela chegou com tudo lá na vizinhança. Charmosa, graciosa, bonita e tudo mais. E principalmente o “tudo mais”. Morava sozinha e saía, às vezes, para cuidar de alguma coisa fora de casa. Foi então que notou que, toda vez, havia gente olhando para ela. Gente, melhor dizendo, os homens. Eles sempre arrumavam algo para fazer, como desculpa. Consertando coisas que não estavam quebradas, lavando carros que já estavam limpos, procurando por inexistentes defeitos no telhado. Mal conseguiam disfarçar o interesse descabido pela recém-chegada.
O pior de todos era o Júnior. Imaginem só, casado há apenas dois anos, “tadinha” da Lindinha, sua esposa. Existem homens que não têm vergonha mesmo. Não se sabe se ela não tinha percebido ou se tinha medo de brigar, estragar o recente casamento.
O tempo foi passando, as coisas se acalmando. Os homens da rua já não espiavam tanto assim. Exceto pelo Júnior, que continuava safado como sempre, não havia jeito para aquele homem. Um dia, porém, a moça da casa 737 – era lá que ela morava - mudou-se. Ninguém sabe por quê, nem para onde. Todo mundo estranhou e, vejam só, quem mais deveria se preocupar, tinha, no momento uma preocupação maior, muito maior. Uma coisa inexplicável tinha acontecido para o Júnior. A sua Lindinha, a jovem esposa, também tinha partido, um dia antes, assim, de súbito. Deixou, sim, um bilhete: “Vou experimentar outras coisas, essa vida que você me deu, está muito chata”. Pode uma coisa dessas? Além de deixar um bilhete, ela deixou também a conta da poupança vazia. Além disso, só levou umas roupas. Uma coisa inexplicável para o Júnior, um homem atrás do qual tantas mulheres corriam. Sem explicação.
Para o resto da rua, porém estava claro. Muita coincidência as duas desaparecerem quase no mesmo dia. Muita mesmo. Sabe-se lá, por outro lado, o povo sempre fala demais. Dizem também que onde há fumaça, há fogo.
O que se sabe, de fato, é que as duas desapareceram. E a pergunta ficou no ar: “Lindinha, onde foi que você se meteu?”

Todos los derechos pertenecen a su autor. Ha sido publicado en e-Stories.org a solicitud de Flavio Cruz.
Publicado en e-Stories.org el 20.02.2016.

 
 

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