Flavio Cruz

Um conto interplanetário

“É tudo uma questão de perspectiva e percepção...”

Junto ao rio, enquanto pescam, pai e filho conversam. Ele explica para o garoto como o mundo funciona, como há equilíbrio em tudo. Explica que a água, abundante, serve para manter nossos corpos vivos, saudáveis. Há água em alguns alimentos, mas, mesmo assim precisamos tomar mais. Nosso organismo precisa de muita, muita água. Nossa boca, além de falar, serve para ingerir este líquido maravilhoso. Ela está perfeitamente desenhada pela mãe natureza para exercer as duas funções. Explica também que precisamos de descanso. Por isso existe a noite. O sol se apaga e, no sossego das sombras, podemos repousar. Em harmonia, quando a luz se vai, nosso corpo se aquieta, nosso cérebro desacelera, todas as nossas atividades diminuem até o sono completo.  É o universo em equilíbrio. A perfeição está em todo lugar. O garoto, maravilhado, olha para o pai.
Num outro planeta, muito distante, numa outra galáxia, outro pai também conversa com seu filho. Seu nome, se fosse possível traduzir, seria algo como “Shantom”. Explica para o pequeno que os cientistas anunciaram a recente descoberta de um novo planeta, muito especial. Incrivelmente parecido com o deles, está situado em um sistema com um sol e diversos outros planetas. Do sistema, só ele é habitado e tem seres inteligentes. Entusiasmados, os especialistas estão dizendo que nunca haviam encontrado seres tão parecidos com eles. Parecem ter, os dois planetas, evoluído de maneira assustadoramente igual. Havia duas coisas estranhas com eles, entretanto. Difícil de explicar. Diante do olhar interrogativo do menino, o pai falou:
-Esse planeta, que eles chamam de Terra, só tem uma estrela a brilhar. E porque gira de maneira diferente de nós, seus habitantes passam metade do tempo no escuro. Como nesse horário, que chamam de noite, eles não têm luz natural, precisam descansar. Além disso, o corpo deles não aguenta uma atividade permanente como nós. Somos privilegiados, meu filho. Dois sóis, luz e calor o tempo todo. Somos harmônicos e perfeitos. E tem mais.
-O que é, meu pai?
Sabe, a água, tão preciosa, que eu expliquei noutro dia para você? Pois bem, eles não são como nós. Precisam tomá-la pela boca. Nós não precisamos disso. A umidade que está no nosso ar, que é bem parecido com o deles, entra pelos nossos poros, não precisamos fazer nada. Estamos absorvendo este líquido o tempo todo, sem mesmo notarmos. Eles, ao contrário, precisam, o tempo todo, se preocupar com isso.
-Pai, como eles conseguem viver assim? Tanta dificuldade?
-Não sei, meu filho. Deve ser uma luta constante. Nosso planeta, ao contrário, tem uma harmonia sem par.
E o menino, olha, maravilhado, para seu pai. Naquele distante planeta, noutra distante galáxia...

 

Todos los derechos pertenecen a su autor. Ha sido publicado en e-Stories.org a solicitud de Flavio Cruz.
Publicado en e-Stories.org el 19.05.2015.

 
 

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