Flavio Cruz

A estrela quadrada: uma comédia cósmica

 

Estava fazendo minha patrulha não muito longe – em termos cósmicos, é claro – da estrela Canopus. Isso mesmo, aquela monstruosidade, uma coisa sem fim. A minha nave fez uma curva à direita e aí me deparei com algo extraordinário. Nada mais, nada menos do que uma estrela quadrada. Absolutamente menor do que Canopus, estava ali, a desafiar a lógica. Imediatamente pensei que tivesse alguma coisa a ver com a Física Quântica, uma vez que essa está sempre a desafiar o bom senso. De qualquer forma, fiz minha obrigação. Chamei meu supervisor que estava por ali, na nave mãe, não tão longe assim. Uns sete ou oito minutos luz, se tanto. Pensei que ele fosse perguntar se eu tinha bebido, mas não. Achou quase normal. Diante da minha estupefação, explicou com aquele ar professoral – imaginei, pois não estava vendo – que, com a rotação, voltaria ao normal. As pontas iriam se desgastando e conforme os milênios fossem passando, ficaria como as outras: redonda. Pensei em ironizar e falar: redondinha da silva? Achei melhor me calar, entretanto. Poderia levar uma suspensão sem direito à remuneração, embora, tecnicamente já estivesse suspenso no espaço sideral.

Fiquei matutando. Aquela ideia não me saía da cabeça. Terminei meu turno e voltei para meu aposento na nave principal. Passei aquela luz azul que atualmente usamos para limpar os dentes e fui me deitar. Lembrei-me de ter lido em e algum lugar que antigamente – muito antigamente – as pessoas escovavam os dentes para limpá-los. Que absurdo, que trabalhão! Graças a Deus evoluímos bastante.

Enquanto caía no sono, fiquei pensando no incidente. Como pode haver uma estrela quadrada? A explicação de meu chefe não me convenceu. De repente, o óbvio me atacou de frente. Claro, aquilo não era uma estrela. Talvez fosse uma enorme máquina que alguma civilização próxima tivesse construído. Uma espécie de portal para mundos paralelos. Me senti um idiota. Provavelmente meu supervisor estava "tirando" uma comigo e eu nem percebi. Isso mesmo, estava claro agora. Fiquei com vergonha.

Fiquei com raiva também. Esses imbecis bem que poderiam ter construído um portal redondo. Não seria o certo, o normal? Não teria passado pelo vexame.

Que vergonha...

Todos los derechos pertenecen a su autor. Ha sido publicado en e-Stories.org a solicitud de Flavio Cruz.
Publicado en e-Stories.org el 10.07.2015.

 
 

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