Flavio Cruz

O sonho do Giordano


Um dia daqueles. Além dos problemas que já existiam, outros mais aparecerem. Já ouvi dizer que problema atrai problema. Pobre do Giordano. Como pôde aguentar aquele dia? No final da tarde, um pouco de luz. Um dos problemas passou, ironicamente, a ser uma solução. Um outro, poderia deixar de ser tão grave, tudo ia depender... Os demais dependiam daqueles dois.
Na verdade, ficou tudo para o dia seguinte. A confirmação de várias tragédias ou a solução de quase tudo. Estava tudo entrelaçado, relacionado. Em parte, iria depender de sua habilidade, em parte do destino, da sorte. Ou do azar?
Não dava para fazer mais nada. Só podia dormir, descansar do terrível dia. Um chá daqueles que acalmam, um comprimido para relaxar.
Graças a Deus, depois de um tempo, Giordano pegou no sono. E começou a sonhar. Uma mesa comprida, com gente sentada dos dois lados. Ele lá na ponta. Era ao mesmo tempo réu e chefe. Réu dos outros, chefe de seu destino. Não conhecia as fisionomias, mas sabia quem representavam. Um deles, era seu advogado, a seu lado. Logo mais à frente, outro advogado, que não era seu. Lá no fundo, alguém que lhe devia, bem ao lado quem era credor. Havia compradores e vendedores, grandes negócios, todo mundo enrolado em sua vida estava lá.
Todos falavam ao mesmo tempo. Gesticulavam. Via bocas abrindo e fechando, gestos exagerados. Para ele tudo era um grande silêncio, porém. Ora parecia que as coisas estavam indo a seu favor, ora que sua vida ia desmoronar.
No começo do sonho, Giordano estava apavorado, mas agora estava se acalmando. Não dependia dele, não havia o que fazer. E as pessoas discutiam, falavam, mas nada importava. A sala estava meio escura e Giordano fez um gesto para que o empregado abrisse as cortinas. Precisava de luz. E assim aconteceu: a sala se encheu de luz. Mas ela era tanta, tanta, que ofuscava a vista e ele não podia mais ver as fisionomias. Como também nada escutava, ele sentia como se estivesse flutuando no espaço, no meio de muita luz, no vazio.
Giordano achou que aquilo era bom. Decidiu ficar ali, em êxtase.
No dia seguinte, estava tudo resolvido. Todos os problemas haviam sumido, como cinzas jogadas ao vento.
O corpo do Giordano estava ali, inerte, na cama, com uma cara sublime, um sorriso de paz. Dava gosto de ver. Parecia ter ido para o céu. Acho até que ele foi.
É isso mesmo. Acho que o Giordano foi para o céu.

 

Todos los derechos pertenecen a su autor. Ha sido publicado en e-Stories.org a solicitud de Flavio Cruz.
Publicado en e-Stories.org el 11.03.2016.

 
 

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