Flavio Cruz

Andando pela Pauliceia Desvairada

Não fujo do ridículo. Tenho companheiros ilustres.
O ridículo é muitas vezes subjetivo.
 Independe do maior ou menor alvo de quem o sofre.
Criamo-lo para vestir com ele quem fere
nosso orgulho, ignorância, esterilidade.
(Pauliceia Desvairada)
 
Falei com o Engenheiro Goulart e com o Ermelino Matarazzo e disse que ia tomar a Liberdade de ir até a Sé para conseguir alguma Consolação ou até alguma Luz para a Pedreira que é a vida do Paulista. No Pacaembu procurei Palmeiras que acabei não achando. Achei, porém, Paineiras no Morumbi, depois de passar pelo Paraíso sem pedir licença para a Ana Rosa. Andei também por Itaquera, mas só achei o que queria no Parque da Vitória, pois a dita cuja não estava lá. Falei com muitos santos: São Mateus, Santa Terezinha, São Domingo, Santa Ifigênia, São Lucas, São Mateus. Pedi a eles Socorro para minha Saúde. Santo Amaro, então, me falou que deveria ir até a Vila dos Remédios para encontrar o que eu queria. Fiquei com fome e fui pescar na Ponte Rasa lá no Rio Pequeno. Não consegui nada. Fui então rezar na Vila Oratório para conseguir comida, a não ser que eu quisesse alguns Perus, pois as Perdizes estavam muito caras tanto no Mercadão como no Mercado da Lapa.
Além de fome, senti sede e fiquei em dúvida entre a Água Fria, a Água Funda e a Água Branca. Achei melhor ir para a Água Espraiada, não sem antes fazer um Bom Retiro no Alto da Lapa, de onde se podia ter uma Bela Vista. Cheguei na Lapa de Baixo e falei Mandaqui um Limão, pois ainda vou passar pela Quarta Parada e pela Quinta da Paineira. Parei na Parada Inglesa e fiquei pensando por que tanta coisa com os ingleses – Chácara Inglesa, Morro dos Ingleses, se nós temos apenas Brás e Brasilândia.
Sem dinheiro para o Metrô, fui ao Tatuapé e enquanto andava, me perguntava por que a gente precisa de um Moinho Velho se há um Brooklin Novo e um Parque Popular se há um Real Parque.
É mesmo uma Pauliceia Desvairada, como dizia o Mario de Andrade. Ainda bem que, quando estiver chateado, posso ler uns trechos de Brás Bexiga e Barra Funda, do Alcântara Machado, pegar o “Trem das Onze” com Adoniran Barbosa, ou tomar um “chopps” na esquina da Ipiranga com São João.
 

Todos los derechos pertenecen a su autor. Ha sido publicado en e-Stories.org a solicitud de Flavio Cruz.
Publicado en e-Stories.org el 12.08.2016.

 
 

Comentarios de nuestros lectores (0)


Tu comentario

¡A nuestros autores y a e-Stories.org les gustaría saber tu opinión! ¡Pero por favor, te pedimos que comentes el relato corto o poema sin insultar personalmente a nuestros autores!

Por favor elige

Post anterior Post siguiente

Más de esta categoría "Cotidiano" (Relatos Cortos en portugués)

Otras obras de Flavio Cruz

¿Le ha gustado este artículo? Entonces eche un vistazo a los siguientes:

A conchinha e o barulho do oceano - Flavio Cruz (Vida)
Bad year 2021 - Rainer Tiemann (Histórico)