Flavio Cruz

Os óculos dos cegos

 
Era uma terra de cegos. Alguns, porém, tinham óculos. Ou por vaidade, ou por outro motivo qualquer, não se sabia. Já que não se podia ver, as pessoas falavam muito. Bem e mal, principalmente mal. Talvez seja a natureza humana.
Um dia, sem mais nem menos, alguém começou a gritar que seus óculos tinham sido roubados. Muita confusão. Um grande falatório. Depois de muita xingação de todas as facções - sim, havia muitas - acharam alguns culpados. Logo foi possível perceber que os acusadores também eram culpados e muitos – quase todos - começaram a gritar. Quase todos tinham roubado óculos, quase todos tiveram óculos roubados. Grita daqui, grita de lá, prende aqui, prende acolá, solta aqui, prende lá. Resultado: todos os reclamantes tinham roubado óculos. Uns mais, outros menos.
A questão agora era quem conseguia gritar mais, uma vez que ver, ninguém conseguia. Preciso fazer uma correção. Alguns poucos não eram cegos. A maioria deles, porém, não queria ver e por isso fechou os olhos no meio da confusão. Uns poucos viam, mas fingiam que não.
Eu acho que no fim, tudo vai ficar bem. Vão redistribuir os óculos roubados, fazer algum tipo de acordo. Muitos, porém, nunca vão ter óculos. Nunca tiveram. Os que eram destinados a eles, foram roubados há muito tempo atrás. Sem óculos, sem direito a reclamar, sem direito a gritar. São cegos e mudos.
Escrevi esta história mas não sei o que significa. Se você tem uma interpretação, porém, deve estar certa. Acho que sim. Alguém precisa abrir os olhos e ver. Quem sabe, você?

Todos los derechos pertenecen a su autor. Ha sido publicado en e-Stories.org a solicitud de Flavio Cruz.
Publicado en e-Stories.org el 09.03.2016.

 
 

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