Francielli Pinheiro Dias

A velha garota.

-Mamãe! - gritei andando pela casa, querendo encontrar a mãe, para lhe dizer sobre um convite que recebi.

-Estou na cozinha, querida - minha mãe falou alto. Fui correndo até ela.

-Mãe, mãe! Nem sabe! - falei pedindo sua atenção.

-O que, filha? - ela falou indo para a sala se sentar.

-Conheci uma garota hoje! E ela gostou de mim, acho que vamos virar amigas! - falei muito feliz, fazia tempo que não fazia amigos novos.

-Oh, que bom, Anna! Então, como é o nome dela?

-Nossa! Eu nem perguntei o nome dela... - fiquei com cara de boba agora.

-Filha! - meu pai disse, ao chegar em casa.

-Pai! Oi. - falei abraçando-o. Depois voltei a me sentar no sofá. - Conheci uma garota hoje e eu acho que seremos amigas! - disse levantando os braços.

-Sabe que tem se deve tomar cuidado com pessoas estranhas. - meu pai disse, como sempre, me deixando com dúvida. O que uma garota da mesma idade que eu, doze anos, seria capaz de fazer?

-Pai ela tem a minha idade, não vai fazer nada contra mim! - falei o ironizando.

-Vem cá. - ele apontou para o espaço vazio do sofá em que estava sentado. Fui lá e me sentei, perto dele.- Tenho uma historia para te contar. Fala sobre uma garota de quatorze anos...

 

 

.Começo da Historia.

 

 

-Mãe! Conheci uma garota hoje e ela já me convidou para o aniversário dela! -

Disse animada, quando cheguei em casa.

-Sério? Qual o nome dela? - minha mãe perguntou.

-Aham, ela se chama Megan. Ela tem a minha idade, quatorze anos.

-Onde ela mora?

-Ela me disse uma rua, que fica perto da praçinha, mas eu nunca ouvi falar.

-Tá e quando será o aniversário?

-Hm, ela falou semana que vem. - respondi.

-Então tá, iremos lá amanha, para conhecer a família dela.

Logo a campainha tocou.

-Oi, Megan! Você não tinha que fazer um trabalho...?

-Sim, mas hoje é sábado, então posso fazer outro dia.-ela me explicou.

-Hm, quer entrar?- convidei.

-Sim, sua mãe esta?

-Aham, vamos pra sala. - Depois, minha mãe conheceu a Megan e nós duas ficamos jogando vídeo game, até que minha mãe voltou para conversar.

-Mãe, agora a gente ta jogando!- falei á ela, não desviando o olhar da tela

-Não, acho melhor a gente falar com sua mãe, Lilly. - Megan falou, largando o joystick.

-Então... - minha mãe começou, sentando no sofá. - Como vão seus pais, Megan?

-Muito bem, mas agora eles estão viajando só voltam no meu aniversário.

-E você fica sozinha em casa?!- perguntei espantada.

-Sim, a vizinhança não é perigosa, então... Não tem problema.

-Mas, querida, como você se cuida? Seus pais deixaram dinheiro? Quando eles irão chegar? - minha mãe fez mil perguntas, ela não entendia o porquê de Megan ficar sozinha em casa.

 

-Megan, quer posar aqui em casa?- perguntei, dando fim, as duvidas da minha mãe.

-É uma boa idéia, filha. - minha mãe falou, guardando os copos no armário da cozinha. Então, você quer ficar aqui em casa, Megan?

-Ah, seria muito bom! Ficar sozinha em casa, não me agrada... - Megan falou triste.

-Eba! Legal, vem cá!- a puxei para irmos pro meu quarto. -Vou te mostrar meu quarto!

-Ta.- subimos as escadas correndo até chegar ao segundo andar, então fomos até o fim do corredor, onde ficava meu quarto. Abri a porta e procurei uns desenhos pra mostrar a ela. Megan sentou na minha cama.

-Olha!- falei mostrando meus desenhos. -Esses desenhos vão ser expostos na feira de artes da minha escola.

-Nossa, você desenha muito bem, Lilly!- ficamos no meu quarto até a hora do jantar. Comemos macarronada e conversarmos sobre o dia e escola. Megan iria fazer aniversário na terça-feira, então eu iria posar na sua casa na segunda pra arrumar as coisas pra festa que terá. Ficamos jogando vídeo game depois do jantar, até minha mãe mandar a gente dormir.

-Que horas são?-Megan perguntou quando estávamos arrumando a cama pra ela dormir.

-Hm.-olhei para o relógio no criado-mudo e respondi:- É... Quase dez e meia. Por quê?

-Por nada... Então, a gente vai dormir mesmo ou iremos fazer outra coisa?

-Agente pode ver TV até pegar no sono.

-Legal!- Nos deitamos na cama de frente pra TV que ficava num tipo de prateleira na parede. Coloquei no canal em que começou um filme de terror. Nos assustamos algumas vezes, em seguida que terminou o filme dormi, tendo alguns pesadelos.

Acordei, olhei para janela, ainda era de noite, passei o olhar pelo relógio: 4:09. Nossa! Ainda de madrugada. Olhei para meu lado: a Megan não estava lá. Estranho.

-Megan?-sussurrei alto. Quando virei, me esticando para ver pela fresta da porta, senti meu pescoço molhado. Coloquei minha mão para ver o que era.

-O que é isso?- exclamei quando vi o liquido vermelho entre meus dedos. Pulei da cama e fui direto para frente do espelho. - Mas o que houve?!- me espantei ao ver que meu pescoço parecia estar marcado com... Sangue!

Olhei novamente para o quarto. Em cima do criado mudo, do lado da cama onde a Megan estava, havia uma faca!... E um pote de... Algo vermelho. Parecia ser a mesma coisa que estava no meu pescoço. Ouvi passos no corredor e algo como se fossem... Gemidos de dor. Devagar abri toda a porta do quarto. Quando olhei para o corredor. Vi Megan caindo no chão, com as mãos em volta do corpo e gemendo baixo de dor.

-Megan!- corri até seu lado e a cutuquei.

-Li-lilly?-ela falou fraca.

-Sim, sou eu!-falei tentando ver o porquê dela estar sentindo dor. -O que houve, Megan?

-Esta doendo muito Lilly, preciso ir pra casa!-ela falou tentando se levantar.

-Você não pode sair daqui de casa nesse estado. Ainda mais que é de madrugada!- expliquei.

-Não, mas... Eu preciso ir pra casa. Por favor, vai lá comigo. Eu tenho a, o... remédio lá em casa!

-Você esta doente?! Porque não me falou?

-São crises de... Ah, preciso ir pra casa, Lilly!- ela falou com a voz cheia de dor.

-Ta... Deixa eu chamar minha mãe.- disse a ela, me levantando, ela não deixou.

-Não! -ela falou com os olhos arregalados me fuzilando. -Preciso ir... Vem comigo! Não vai acontecer nada, não precisa avisar á sua mãe.

-Mas, Megan...

-Por favor...! Estou com dor!- ela me implorou com os olhos cheios d'água. Eu ainda estava com duvida de ir a casa dela, eu não sabia onde era e nem minha mãe. E se acontece algo. Como irão nos achar?

Mas ela estava com dor. Acho melhor ir...

-Tudo bem, vamos!- A segurei e descemos a escada sem fazer nenhum ruído, para não acordar ninguém. Peguei a chave na cozinha e saímos de casa. Nos duas estávamos de camisola. Megan, ainda estava com dor.

-Aonde é sua casa?

-Precisamos fazer a volta na rua, que você vai ver uma casa grande, bem antiga... De madeira.

-Tudo bem... Deixa que eu te seguro. – fomos com passos lentos até a casa dela. Eu parei quando estava de frente pra casa. Parecia uma casa medieval. No jardim havia plantas mortas, como se não fosse cuidado a anos. A maioria das janelas estavam quebradas e a noite deixava a casa mais sombria.

-Você mora... Aqui?- perguntei sem desviar o olhar da casa.

-Sim, vamos!- ela correu encolhida até a porta, se abaixou e tirou a chave de um canteiro que havia ali do lado. Quando sai do transe, fui ao seu lado.

Ela abriu a porta e fez um gesto para mim entrar. Entrei.

-Agora você vai ficar aqui. - Megan falou, com um tom de voz estranho.

-O... q-que?- vi ela se endireitar na minha frente. Ela não estava com dor! Porque ela me levou até aqui?!- O que você esta fazendo, Megan? Se não esta com dor... Por que...?!- perguntei apavorada.

-Eu estou com dor, porque eu preciso de sua... Senta ali, idiota!-ela berrou e apontou para uma cadeira de ferro, nos encostos dos braços, havia duas tiras em cada. O que era aquilo?!-Anda!- ela gritou, impaciente.

-Megan! O que você vai fazer? Não vou me sentar ali!- ela me jogou contra a porta atrás de mim e me fuzilou com os olhos.

-Você vai sentar ali... Lilly - ela falou ironizando meu nome. - Não tem escolha... Eu, não te dei escolha. - Ela estava apertando meus braços contra a porta. Fiquei ofegante. Onde estava a garota calma, onde estava a garota Megan? Porque ela iria fazer isso? O que ela iria fazer?

De tanto pavor, meus olhos se encheram de lagrimas, queria sair dali.

-SOCORRO!-gritei, saindo dos seus braços e indo para a janela quebrada da parede do lado da mesa. -Socorro!- comecei a chorar e a bater na janela.

-Sua idiota, sai de perto da janela!- me virei e vi-a com uma faca na mão vindo para perto de mim. - Se senta, na cadeira. Agora!- Comecei a chorar histericamente.

-Me deixa sair!- pedi a ela.

-Você não ira sair daqui, pelo menos não viva. - arregalei os olhos, minha respiração se cortou. - Anda, senta ali!-ela me mandou e fez um gesto com a faca, como ameaça. Corri até a cadeira e me sentei, chorando e pedindo mentalmente para algum Deus me ajudar. Megan foi até mim e amarrou as tiras no meu braço, me prendendo na cadeira. Depois fez o mesmo com as pernas.

 

Termino da narrativa de Lilly.

 

Depois de prender as pernas e os braços de Lilly na cadeira. Megan foi à cozinha procurar seu livro sagrado e a faca afiada. Sem perceber deixou a porta entreaberta. Com isso, a garota que estava presa lá na sala, se esticou para ver a cozinha. Não viu nada, até que passou o olhar pela mesa da cozinha.

O que, o que é aquilo...? Lilly pensou, se virou um pouco mais na cadeira e viu...

Havia um corpo sentado na mesa! Pelas roupas era uma garota...

Onde esta a cabeça daquela garota?!

Lilly, sentada na cadeira, sentiu seu corpo tremer, seus olhos lacrimejarem ainda mais, seu coração falhar... Sabendo que estava chegando o fim de suas batidas. O corpo em cima da mesa estava sem cabeça, alguém havia decepado aquela pessoa. O pescoço decepado estava lambuzado de algo branco. Lilly percebeu que Megan estava voltando. Voltou para seu lugar, ajeitada, olhando para chão, lembrando que iria morrer, sem saber o motivo...

-O que você quer comigo? Porque tem uma pessoa sem pescoço na sua cozinha?-Lilly perguntou apavorada.

-O que você estava fazendo que viu minha cozinha?-a garota com a faca na mão e um livro na outra, perguntou com raiva.

-Nada! A porta estava aberta!- Lilly respondeu com medo da reação da outra.

-Como você vai morrer daqui a pouco... -Megan gemeu de dor, depois continuou:- Você ira me deixar com a idade que tenho até o próximo ano.

-O que?-a garota presa, demonstrou o medo na sua voz.

-Eu não tenho quatorze anos de vida. Eu não nasci no mesmo ano que você. Mas já matei várias pessoas para ficar com a aparência que quero.

-O que você esta tentando dizer? Você mata e fica com a idade da pessoa? Você pega a juventude delas?- Lilly não conseguia ficar mais apavorada.

-Querida, nasci em 1871, sou bem mais velha que você. - Megan, foi chegando mais perto da cadeira que prendia a menor. -Eu sei um jeito de nunca morrer. Apenas tenho que matar alguém da minha preferência, dizer algumas palavras e... Feito. Estou com a idade da pessoa. Mas claro, eu não pego a aparência da pessoa, mas sim, sua idade. - se sentindo uma professora, Megan sorriu e continuou a explicar. -Para deixar mais claro, é assim... eu irei te matar e ficarei com quatorze anos, traduzindo, ficarei com a mesma aparência que tenho agora por mais um ano.

-Mas... Porque eu?! Existem outras pessoas por aí! Me deixe ir e pegue outra pessoa pra matar!- a garota presa na cadeira implorou. Sem sucesso, ela estaria morta antes do amanhecer do dia.

-Meu bem - Megan passou a faca pelo pescoço da garota, tirando um gemido de choro e apreensão. - Eu estou aqui com você, vou matar você. Não tem o porquê eu sair e procurar outra pessoa. Mas continuando a minha explicação...Sabe, se eu quiser ficar com a aparência de alguém com trinta anos é apenas eu matar alguém de trinta anos. Como eu quero ficar com a aparência de alguém de quatorze anos por mais um ano... Eu irei te matar. - Megan deu um sorriso.

-Por favor, não faça isso comigo!- Lilly choramingou

-Cala a boca! Não adianta pedir nada, não irei mudar de idéia. Você e irá morrer. Aceite. -Megan, abriu na pagina tão conhecida á anos, do seu grande livro sagrado. E começou a ditar as palavras. Depois do parágrafo de inicio, pegou um pote com merengue e lambuzou o pescoço da garota.

Lilly respirou fundo, olhos cheios d'água e seu coração deu a ultima batida.

Megan pegou a faca, que mais parecia uma espada. Preparou-se... E com apenas um golpe, Lilly não estava mais viva.

Megan, sorrindo satisfeita, pegou a cabeça decepada e colocou no lixo. Depois voltou para a sala com uma vela na mão. Tirou a garota morta da cadeira e á levou até a mesa, que agora, já estava vazia. Ajeitou Lilly: encheu o pescoço sem cabeça de mais merengue e ajeitou as roupas. Pegou a vela, a acendeu e depois colocou em cima do pescoço. Megan bateu palmas para seu trabalho bem feito, ainda estava sentindo dor... Precisava fazer, senão morria. O que não iria acontecer.

Com uma expectativa que poderia se comparar a de uma criança:

Apagou as velas.

A velha garota de 139 anos sentiu a juventude da menor entra em si... Ritual feito.

Pronto, Megan tem novamente 14 anos.

 

 

 

 

Fim da Historia.

-Se assustou filha?- meu pai me perguntou, depois de tudo que ele me contou ele acha que eu Não estou com medo? Meus pensamentos sobre essa historia não vão me deixar dormir tão cedo.

-Muito! Mas... Da onde você tirou essa historia? E o que te deu pra conta pra mim?!- perguntei exasperada. Não é algo que se conta na "hora da historia" para uma filha!

-Achei uma boa historia para te dar um "toque" sobre não conversar com estranhos. - ele falou tranquilamente.

-Não seria mais fácil você me dizer para eu não conversar e nem aceitar nada de estranhos?!

-Sim, mas... Essa história impressiona mais! - ele falou voltando para seu aspecto irônico. Então a campainha tocou, corri para a porta.

 

-Oi! Pode sair na rua? Ainda é dia. -era a garota que eu conheci hoje.

-Espera, vou perguntar para a minha mãe! - falei, correndo para a cozinha- Mãe, posso sair de novo na rua? Ainda é dia...

-Sim, pode ir, mas volta antes das sete da noite!

-Tá, valeu mãe!- corri de novo para a porta. - Tudo bem, minha mãe deixou. Vamos á praçinha? -perguntei á garota.

-Sim, depois você pode passar lá em casa, fiz biscoitos de chocolate! -ela falou levantando os braços, ri.

-Aliás, qual seu nome?

-Megan.



 

Todos los derechos pertenecen a su autor. Ha sido publicado en e-Stories.org a solicitud de Francielli Pinheiro Dias.
Publicado en e-Stories.org el 09.11.2010.

 
 

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